Então, quero tratar dos arquétipos ou modelos que servem de referência. Por
uma questão metodológica, trato aqui do “ser mulher” enquanto uma produção industrial
de um capitalismo tardio, bem no início dos anos 60, tendo como o seu grande expoente a atriz e modelo Marilyn Monroe.
Quando digo que ser mulher é um ato de
compra, não se trata da mulher biológica, mas da mulher social. O que chamamos
de feminilidade e toda a sua manifestação social estão ligados ao ato de compra.
Para mim, o grande golpe da dominação ideológica foi tornar todo o jogo de marketing como um produto natural. Quando vês uma mulher andar de salto, batom vermelho e lábios
carnudos, a silhueta, a pele fina, os cabelos longos… tem todo um aparelho
ideológico por trás empurrando essa ideia a partir dos seus apóstolos (celebridades)
para que isso surja como o ideal, o padrão, o atingível, desde que seja comprado.
Por outro lado, de qual mulher estás a
pensar quando eu falo de mulher? Das camponesas e seus corpos musculados acompanhados
de uma cintura fina? Certamente não, se falo de beleza e mulher ou feminilidade
surge na tua mente toda a produção de Hollywood e as cantoras famosas que
vendem essa imagem. Ao fim do dia, a infraestrutura marxista continua a mesma, a
economia. As empresas precisam te fazer sentir mal com tudo que és
naturalmente!
De repente, a indústria percebeu o poder de
compra da mulher negra, toda uma gama de estética africana começa a ser vendida
ao público, o que chamaram estrategicamente de inclusão. Perceberam o podem de
compra dos LGBTQ+, toda uma gama de coisas foi inventada para vender a feminilidade
ao grupo. Trata-se de nichos de mercado que decorre de uma abordagem ideológica.
Negócios apenas
Se alguém perguntar o que garante hoje uma ideia
de mulher feminina e desejável, não se trata somente do corpo, mas de um
conjunto de acessórios e notoriedade nas redes sociais. Além do corpo bem
proporcionado, precisa de um iphone, antigamente, um pau de self, várias fotos
de viagem e conhecer lugares inusitados. Precisa de ter um bom número de
seguidores, algum macbook, airpods, estar presente nas festas mais badaladas.
Claro, isso é um estereótipo, está enviesado…
muitas exceções existem e muita contracultura. Esse modelo é o mais divulgado.
E para cada contracultura também encontrará uma estética própria que é explorada
por alguma companhia. Ao fim do dia, amor próprio e aceitação do que se é
continua sendo um ato revolucionário!