O maior inconveniente
no “modus vivendi” santomense é a ideia da responsabilidade. Cada um olhando para o seu umbigo desenha um
mundo para si mesmo onde terá sempre razão. Está tudo bem não respeitar o tempo
alheio, a outra parte deverá entender o atraso. Tudo bem acreditar que os
problemas individuais são tão gigantescos que possam minar os acordos
colectivos. Tudo bem aumentar a minha parcela de terra tomando um pouco da via
pública. Tudo bem fazer canalizações noturnas que ameaçam a água de uma
comunidade. Tudo bem em nome de estado importar produtos duvidosos para
aumentar a margem de lucro enquanto ameaça a saúde pública… aliás, se não for ele, alguém o fará.
com efeito, O que não nos contam?
Se a salvação é individual, a destruição é coletiva. Se não respeitamos o pacto
coletivo em nome dos interesses individuais, o “contrato social” deixa de fazer
sentido. A maior ofensa que existe é ser considerado uma boa pessoa. Significa
que será usado pela família, pelo cônjuge, pelos amigos, pelo Estado e por todo
um sisema existente que considera integridade uma fraqueza, fidelidade é
idiotice e o pecado maior é ser pobre, significa que terá de se vender na primeira
esquina e não terá peso nenhum andando sobre a ilha. Todos os trejeitos
sociais escondem o simples facto que ninguém nessa ilha poderá apontar o mal
sem tremer os dedos, soar frio e temer que o outro saiba algo… e todos nós
sabemos quem é quem.
Logo, não se trata
de comprar carros e aumentar o tamanho dos pneus diante de uma estrada degradada,
mas sim, consertar a estrada para que todos possam usurfruir desse ganho. Não
se trata de ganhar melhor e ter um plano de saúde em Portugal, mas de melhorar o
nosso sistema de saúde. Não se trata de dar um visto para cada jovem nessa
ilha, mas de construir um país cuja música de maior sucesso não seja um jovem anseando
a sua saída do país… Portugal enquanto refúgio dos azarados sociais. Isso
deveria incomodar-nos. Se todos jovens viram no visto um maná para
escapar daqui, eram esses jovens livres? Se pessoas se vendem para quem faclita
o visto, são essas pessoas livres no próprio país?
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