quinta-feira, 4 de maio de 2023

A responsabilidade, um ruído insular persistente


O maior inconveniente no “modus vivendi” santomense é a ideia da responsabilidade.  Cada um olhando para o seu umbigo desenha um mundo para si mesmo onde terá sempre razão. Está tudo bem não respeitar o tempo alheio, a outra parte deverá entender o atraso. Tudo bem acreditar que os problemas individuais são tão gigantescos que possam minar os acordos colectivos. Tudo bem aumentar a minha parcela de terra tomando um pouco da via pública. Tudo bem fazer canalizações noturnas que ameaçam a água de uma comunidade. Tudo bem em nome de estado importar produtos duvidosos para aumentar a margem de lucro enquanto ameaça a saúde pública… aliás, se não for ele, alguém o fará.

com efeito, O que não nos contam? Se a salvação é individual, a destruição é coletiva. Se não respeitamos o pacto coletivo em nome dos interesses individuais, o “contrato social” deixa de fazer sentido. A maior ofensa que existe é ser considerado uma boa pessoa. Significa que será usado pela família, pelo cônjuge, pelos amigos, pelo Estado e por todo um sisema existente que considera integridade uma fraqueza, fidelidade é idiotice e o pecado maior é ser pobre, significa que terá de se vender na primeira esquina e não terá peso nenhum andando sobre a ilha. Todos os trejeitos sociais escondem o simples facto que ninguém nessa ilha poderá apontar o mal sem tremer os dedos, soar frio e temer que o outro saiba algo… e todos nós sabemos quem é quem.

Logo, não se trata de comprar carros e aumentar o tamanho dos pneus diante de uma estrada degradada, mas sim, consertar a estrada para que todos possam usurfruir desse ganho. Não se trata de ganhar melhor e ter um plano de saúde em Portugal, mas de melhorar o nosso sistema de saúde. Não se trata de dar um visto para cada jovem nessa ilha, mas de construir um país cuja música de maior sucesso não seja um jovem anseando a sua saída do país… Portugal enquanto refúgio dos azarados sociais. Isso deveria incomodar-nos. Se todos jovens viram no visto um maná para escapar daqui, eram esses jovens livres? Se pessoas se vendem para quem faclita o visto, são essas pessoas livres no próprio país?

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