Sempre que imaginamos o autoritarismo é com um olhar de 1984 de George Orwell. Um Big Brother que tudo vê e tudo esmaga tomando para si o monopólio da verdade descrito por Achille Mbembe quando fala do Estado Teológico ou quando vai um pouco mais longe falando sobre a necropolítica.
Escrevo para uma amiga, talvez o texto possa parecer pretensioso,
mas ela enquanto jurista deverá ter uma veia , id est, npara abstrações, não me levem a
mal se parecer assaz verborrágico.
La Boétie sempre pensou na estrutura do poder não no
sentido de Max Weber, mas, em como as pessoas abandonavam a sua capacidade crítica e
oferecia à estrutura toda a sua liberdade. Ele descobriu que era cômodo deixar
que os seus problemas fossem resolvidos por alguém que pretendia os resolver,
logo, não havia tantas vítimas, mas muitos cúmplices...
Na mesma senda, Henry Thoreau percebeu que a chave na
luta contra a tirania norte-americana do estado consistia na desobediência civil,
em não cooperar com o estado. Claro, ele acabou preso, contudo, inspirou dois
personagens icónicos: Martin Luther King & Mahatma Gandhi. Dois pacifistas
que escolheram a desobediência civil enquanto método de resistência.
Portanto, quero dizer-te, querida amiga, as instituições
são kafkianas, enormes, monstros colossais com enormes “processos” que parecem ilõgicos. Sempre que refletires sobre o “status quo”, é sempre bom olhar em volta todos que se beneficiam com o “status quo”, os famosos reacionários.
Quero terminar com a explicação de Malcolm X quando falava
das revoluções possíveis ao sistema. Ele dizia que a revolução jamais
acontecerá quando o crítico do sistema apenas está pedindo ao sistema que o
incorpore. Talvez Paulo Freire estivesse certo, “quando a educação não é
libertadora, o sonho do oprimido é virar opressor”.
Quero deixar uma esperança para ti. Mas fica para um outro momento, agora podemos só refletir sobre a liquidez do mundo, das crises na Argentina, toda a região de Sael, o que anda fazendo o CEDEAO e de que material orgânico é feito o Nobel da Paz do atual presidente da Etiópia… temos muito do que falar sobre a geopolítica do “terceiro mundo”.
Abraços