A vida é breve, o fim é inevitável
e nesse meio tempo carregamos uma existência sem saber ao certo o que fazer com
o tempo que temos aqui.
Pessoalmente,
lembro de ter lido Voltaire por sugestão do meu pai. Tinha lido alguns livros seus famosos,
quando o meu pai morre crio uma pasta com todos os livros que o meu pai gostaria
que eu lesse. Entre os livros de Voltaire está o Micrômegas, um gigante vindo
de Sirius, visitando o nosso sistema solar, chega na terra e discute filosofia
com os terráqueos mais geniais. Em algum momento eles reclamam da brevidade da
vida, e Micrômegas na voz de Voltaire diz que passou por várias estrelas e
universos onde seres vivem até mil anos, e todos achavam que a vida fosse breve.
Sêneca
acrescentaria, a vida é breve ou as nossas ocupações insignificantes roubam o
nosso tempo? Quanto do nosso tempo é realmente nosso? – Ivanick acrescentaria,
de onde vem a ideia que viveremos para sempre e envelheceremos como os nossos
pais, avôs, vizinhos?! … a velhice não é garantida, a vida não é uma corrida
para ver quem vive mais.
Por
outro lado, tendemos a achar que existe uma fórmula como a vida deve ser vivida. Não tem. Quem arroga para si o conhecimento da boa vida não sabe o que fazer com a própria vida. A vida é exploração e não replicação de fórmulas fracassadas por outros. O mundo não foi criado por deuses, mas pessoas como nós, com angústias e frustrações, é o nosso papel buscar as nossas próprias conclusões e vivê-las.
Vitor
Frankl, após sobreviver ao campo de concentração nazista percebe que a força
para aguentar a vida não é uma questão física ou condições materiais
favoráveis, a nossa maior necessidade é por propósito. Ivanick acrescentaria
como um filósofo que nunca foi: De onde vem a ideia que precisamos sobreviver
tendo uma vida que não queremos para nos manter vivos na vida que não queremos,
não parece um ciclo estranho demais?!
Ailton
krenak acrescenta: A vida não é útil, não vivemos medindo a nossa produtividade
apenas. Não somos na medida que consumimos. O que é ser útil? O que andamos por
aí a adorar? Quais imagem fantasiamos?
O que
isso tem a ver com a morte? Porque trouxe essas referências que parecem aleatórias?
- Porque a vida acaba, e precisamos pensar o que queremos fazer com o nosso
tempo… Não seria melhor contribuir para que a experiência humana seja
interessante para todos? O que queremos vencer? O que é vencer na vida quando a
morte reduz tudo à nada?! A quem vendemos o nosso tempo tão limitado. E tu que
lês, podes morrer amanhã, valeu à pena a experiência até agora? Queria ter
perguntado isso ao Kaymy, Papito, meu pai, meus tios, amigos,… e ao menino
Dalton que um dia desses se foi – Valeu à pena? Quais eram os vossos ideais e
sonhos que deixaram na gaveta por realizar?
A quem
vocês venderam o vosso tempo? Quantas costelas quebraram erguendo esse mesmo monstro
social que vos engole?
Não
quero aqui fazer uma propaganda de vida louca e irresponsável, mas o contrário.
Se vamos morrer, temos de ser responsáveis com quem partilhamos o tempo, as
ideias que defendemos e com as coisas que nos fazem bem! Compensa estar numa
relação que te consome a alma? Compensa perder saúde mental num trabalho
alienante? Compensa sofrer para manter status de família perfeita? Vais morrer,
leve a porra da tua felcidade mais à sério!
A vida
é breve, mais uma vez perco um amigo para me lembrar disso. Estamos juntos Kaymy!
Estamos juntos Dalton, e tantos outros mergulhados no mesmo caldo do tempo.
Aos
vivos, espero que estejamos ainda mais juntos, estamos atravessando o mesmo
portal espaço-tempo, não precisamos ser inimigos! Não temos inimigos, não há ninguém que seja ok machucar, Precisamos pensar em criar nossos próprios valores que sejam de facto humanos
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